Metade viva.

O buraco tomou um lugar no meu peito. E ele não vai fechar, e eu não espero que feche mesmo...você tem agoniado meu coração de um jeito que achei que ninguém nunca faria.
Me deparei com você hoje com os cabelos em chamas e um olhar distante. Me contive para não correr para um abraço de reencontro feito aquele que tivemos naquele verão em que você esteve na praia longe do meu olhar. Você veio correndo no meio da rua e não tirava os olhos de você vindo até mim. Até mim.
Quando te vi, um filme passou diante de mim de uma vez que você e eu não podíamos nos tocar e tampouco podia te olhar dentro dos olhos e mesmo assim eu fazia por dentro...criando um instinto escolhendo você e tendo a certeza de que era com você que queria parar, dar ponto de paz e ficar no calor do seus braços e sempre me lembrar que esse tipo de amor acontece uma vez só.
Nada acontece como planejamos, nossos destinos não estão mais alinhados e eu me sinto metade viva agora. Parte de mim foi embora junto com você, amada.
No final das contas, eu me lembrei de uma noite de sábado que você estava sozinha na sua casa e eu tomei uma chuva tremenda para ficar com você.
Sua trança delicadamente feita caída sobre teu ombro, e seu cheiro natural perfumando o ambiente com pijama azul de bolinhas brancas me trazendo calmaria.
Minha noite.