Musicas

A camponesa


"Às vezes você pode estar errado
e querer alguém do seu lado."


Compartilho agora uma história triste, porque é assim que são as coisas que não foram feitas para durar. Elas nos batem, e perfuram, e formam cicatrizes para você se lembrar de que pode fazer de novo, e que da próxima vez não te afetará tanto, porque você sabe que quanto menos tempo você tem, mais coisas consegue fazer...

Parte 01
[...]Eu disse que não serviria de nada eu ir, porque eu não sabia nada dessas coisas e que seria um desastre total, mas meus pais insistiram que eu fosse até a fazenda ajudar meu tio-avô que estava enfermo a cuidar do gado e da plantação de café que ele cultivou durante quase três gerações. Após relutar, aceitei e revirei os olhos ao sair pela estrada com meu carro.
No caminho, pensei em várias coisas nas quais eu sabia fazer e me lembrei de que era boa em correr. E isso era até uma coisa boa, porque se algum daqueles animais silvestres tornassem a me encarar eu poderia correr por muito tempo e com muita rapidez. Achei engraçado e fiquei com esse pensamento o caminho todo até quase atropelar uma moça na entrada da fazenda encostada no portão de madeira:
- Esta tentando se matar? - eu disse.
Ela não disse nada, permaneceu imóvel de costas e eu tirei o cinto do carro e fui até lá ver se havia acontecido de fato alguma coisa, ela não parecia bem.
Quando cheguei perto, e a toquei ela se virou e corei no mesmo instante, pasma de descobrir que era deficiente visual.
- Ei, por favor...me desculpa. Eu não quis assustar você com meu grito, mas me assustei também ao notá-la na entrada da fazenda essa hora da noite. 
- Você não me assustou, eu só não esperava encontrar você...não agora - suas palavras foram ditas quase que em um som melódico e eu me segurei para não tocar novamente seus braços que ainda estavam segurando o portão, porque alguma coisa em sua pele era convidativo...talvez fosse a maciez e o calor habitual, ou apenas um desejo que estava quase sucumbindo
- Cristina, meu nome é Cristina. - estendi uma mão para ela, e revirei os olhos me repreendendo por esquecer que a garota era cega.
- Oi, você é a sobrinha de quem o Sr.Roberto estava falando? Vai ficar por alguns dias?- disse ela.
- Pretendo tentar ser útil em alguma coisa, você é...? - como ela ainda não havia se apresentado, eu tive de ser mais direta, porque não conseguia pensar num nome para descrever a linda camponesa que acabei de conhecer.
- Marisa, sou a mentora e coordenadora do Sr.Roberto.
- Acho que você não parece ser uma chefe tão ruim, posso aprender algumas coisas com facilidade...pelo menos estou disposta a tentar.
- O Sr. Roberto deve estar a sua espera.
Depois de um esboço de sorriso, fitei seu rosto corar com meu jeito descontraído e tornei a entrar. Meu tio ficou feliz em me ver, e jantamos juntos, rindo de banalidades e quando anoiteceu dormi num quarto aconchegante e pequeno, de mobília antiga contendo apenas uma escrivaninha, uma cama de solteiro e uma lareira pequena. Tentei acender a lareira para me aquecer, mas na segunda tentativa sem sucesso desisti. Adormeci pensando em Marisa, no quanto ela deve ser bonita sorrindo, com dentes tão bem desenhados e brancos.


Parte 02
Estava acostumada a acordar com um despertador, mas a casa tinha um jeito natural de acordar os moradores(com animais), então eu tive de acordar cedo inevitavelmente. 
O café-da-manhã foi calmo, meu tio disse que haveria coordenação e paciência para mim diante de todos os funcionários que ele tinha na fazenda, e que eu me sairia bem para tudo. Desconfiei de que ele estivesse realmente certo e fui trocar de roupa para literalmente pisar na terra da família.
Tinha uma bota, que comprei para ir numa festa de peão da cidade em que moro, estava limpa e não pensei que talvez todos reparassem que eu apenas a usei umas duas ou três vezes na vida; meu jeans era surrado, e consegui comprar numa feira um chapéu de palha, para o sol e o charme de ter um sabendo que todos teriam um igual...
Vi muitas pessoas cuidando de porcos, galinhas, e algumas vacas perto do rebanho e nisso tentei procurar Marisa para perguntar sobre minha função, mas somente a avistei de longe, no meio de uma roseira perto da lavoura gigantesca e ao me aproximar, disse:
- Oi, está um lindo dia. A que servirá meu trabalho, e a que serve o teu? - ao dizer, ela me disse calmamente:
- Minha importância aqui era de fiscalizar e orientar todos os produtores na lavoura, pescaria e rebanho. Tudo que fiz era cultivar e ajudar o Sr.Roberto, desde o planejamento estive com ele, cuidando de tudo, e fazendo de todas execuções uma melhor do que a outra, eu mantive todos os recursos intactos, e por isso preciso de você agora. disse sem pausa, e acrescentou eufórica:
 -Venha! vou te mostrar o que fazer. - pegou em minha mão e eu a segui, sem dizer nenhuma palavra.
Naquele momento fiquei confusa, mas acompanhei ela até uma parte isolada da fazenda, passando por um celeiro onde ela entrou e me puxou para dentro.
Chegando lá me deparei com varias apostilas e livros em cima do feno, no qual ela estendeu a mão e me entregou. Ela sabia andar na fazenda toda, manejava qualquer caminho, sem precisar enxergar, sem precisar saber, ela era mesmo de se admirar.
- Leia por essa semana, quero que leia tudo que conseguir. Aprendi tudo na pratica, e com um sentido diferente, mas a teoria vai funcionar para você.
- Como você conseguiu? Você nasceu assim? Como sobrevive diante dessa situação?
- Eu aprendi a tocar o solo, aprendi a sentir o cheiro do mato e as trilhas deste lugar, não é porque não se vê algo significa que não pode atraí-lo para dentro de você. - quando ela disse isso, abaixou a cabeça e eu observei que ela estava triste por algum motivo, e que eu tinha de cuidar dela naquele momento, e talvez até mesmo em outros momentos. Sua presença era doce, e eu não me cansava de tê-la por perto, porque parecia exatamente o lugar mais seguro do mundo...nos braços dela.
Senti que queria, podia e devia. Tinha de me libertar desse sentimento, e o que ela disse somente alimentou a minha vontade. Toquei seu queixo devagar, e larguei os livros que segurava com a outra mão para tocar sua cintura...assim quando estávamos bem perto eu a beijei. E depois deste beijo eu soube que tudo que eu mais queria era sentir o toque da sua língua macia dentro da minha, e quando ela correspondeu nos deitamos ali mesmo no feno cometendo o mais puro pecado...


Parte 03 (Final)

...Em andamento








Nosso conjunto

Eu a vi brincando numa praça
Uma guria começando a vida
Tanta vida nesta paisagem
Tanta confusão, tanta dúvida, tanto receio

Estive lá bebendo na entrada da casa
Crianças raivosas, más e arrogantes
Parece uma pintura, aquele horizonte azul
que ninguém acredita ao certo de onde viemos

"Os céus do oeste" vão dizer que é correto
"O Lar dos corajosos" talvez não digam
Vi um espantalho enrolado em arame farpado
Abandonado pra morrer numa cerca alta de madeira
É um vento frio, gelado
aonde não há uma lareira e um tapete para amar

Vi dois coiotes abaterem um veado
Odiamos o que não compreendemos
Vocês pioneiros, nos mostre que talvez não possa ser
Mas é o seu sangue que mancha as mãos deles

Em algum lugar aquela estrada se bifurca lá na frente
Para a ignorância e para a inocência
Tres vidas à deriva em ventos opostos
Duas vidas arruinadas, uma vida arrancada

Sem amor eu não vivo, sem sexo não existo.

[...]Faltou-me ar dentro dos pulmões, estava dominada pela excitação que nos rodeava[...]

 Gostaria que tocasse alguma canção, ou qualquer ruído vindo que qualquer lugar para eu poder disfarçar isso e tranquilizar meu corpo de toda euforia e calor.
Já em auto-combustão, virei-a de costas e comecei a massagear lentamente...da nuca até seu lombar, devagar...bem lentamente...
Eu estava mesmo muito nervosa: como se eu a fosse devorar e pudesse rasgar cada pedaço de roupa que ela ainda estava vestindo e então segurar seu pescoço com força fazendo dentro dela com toda a energia que tinha vindo do meu ventre. Mas, claro que não fiz.
Eu a sentei, e retirei seu sutiã com leveza, desajeitadamente. Iniciamos uma série de beijos, quentes e doces...como se estivesse a jogar mais brasa numa fogueira, alimentando ainda mais desejo...chegando ao meu triunfo.
Estar num lugar onde ninguém mais esteve pode ser um grande risco, mas como um extinto, sabia que podia lidar com isso e a coragem partiu dali, quando a despi completamente parei para observá-la sentada com a boca cheia d'água. 
Acredito que essa vitalidade que passa pelas minhas veias é o que faz meu corpo viver, essa explosão de longo prazo e pavio curto.
Satânico era meu pensamento naquele momento, olhando nos teus lindos olhos amarelados e entregues, beijei o interior de sua coxa, degustando de cada centímetro do seu corpo até tocar-lhe em seu ponto mais quente com a língua e posteriormente com as mãos...fazendo com avidez e força.
Me deliciando da sensação, tudo se transformou: Eram relâmpagos vindo daquele pequenino ponto de seu corpo, a fonte, o fogo, e o mel se concentrando em tentar da penetração, romper nuvens, devassar sóis tão fulgurantes e que nenhuma vista humana jamais suportaria ver tamanha luz e calor.
Esta noite foi perfeita, fiz magia com uma receita certa...queimei o passado sombrio, varri a sujeira da minha alma e fui retirando as pedras com delicadeza, invocando elementais de luz me satisfazendo de energia pura, fazendo da fogueira apenas cinzas até que renasci para um novo dia.