- Permita-me?
Você apenas sorriu e se levantou.
A calmaria do ambiente era a mesma da música, e também seria a da nossa primeira dança. Te segurei pela cintura aproximando assim teu coração do meu peito quente. Deslizei minha mão direita por seu ombro, até entrelaçar nossos dedos...
Os passos foram quase que automáticos, começando pela esquerda. Logo você colocou o braço timidamente em torno do meu pescoço e eu seguindo o instinto firmei minha mão esquerda em tua cintura, agora com mais firmeza.
Você contemporizou e olhou-me dentro dos olhos para acalmar as chamas que neles haviam, e então eu encostei minha cabeça em teu ombro sem que parássemos de nos mover. O salão estava vazio, e a música da altura das batidas do nosso coração, altas e graves.
Levantei a cabeça com carinho, e lhe dei um beijo doce na testa sorrindo gostosamente. Você se afastou, e eu dei um passo até você, girando-te com toda calma, passando e encostando minha mão livre em você. Quando nossos olhos se encontraram, eu te trouxe para perto de novo agora com minha mão direita em tua nuca e a direita ainda abaixo do quadril.
Quando demos a volta no grande salão, notei que estávamos no centro do mesmo e senti a necessidade de colar você em mim. Nossa respiração era forte, e eu a sentia, a ouvia e sabia exatamente o que queria naquele instante...
Encostei meus lábios nos seus, e abri mais a boca para sentir tua língua macia. Você novamente se curvou, mas dessa vez para poder sentir mais dessa sensação, não para se esquivar.
O beijo era molhado e calmo, gritava no silêncio e se desculpava sem pedir perdão.
Aquela linguagem era pura e extasiante. Senti que era a hora de parar, para lhe dizer...dizer que sinto muito. Você talvez não saiba o quão amável é.
Antes de eu pensar, agir ou falar você me soltou e deu alguns passos para trás. Não entendi, e a vi partir.
Você correu, quando deveria ficar. Saiu sem me escutar, e sem nem menos hesitar ou aceitar as três palavras que serão ditas só para você, eternamente:
Percebi que te amava quando vi que estar junto não era suficiente, queria entrar em você.
